Triste...
A resposta depressiva tem sido muitas vezes originada por casos de traição
entre casais. Apesar de ter-se a consciência de que todo o ser humano é
susceptível à traição, nunca se está preparado para enfrentar uma situação deste
género.
É muitas vezes complicado e embaraçoso compreender como alguém que
nos diz amar, (respeitar, admirar, etc…) acaba nos passando para trás, fazendo
algo de que tem consciência que magoaria o parceiro/a. Tudo parece não ter
nexo, mas acontece. Mesmo gritando amor e ternura para o parceiro, a pessoa
pode ser estimulada por forças externas a viver outras aventuras.
Os acontecimentos da vida têm sempre uma razão, infelizmente nem
sempre a razão é evidente. Parto do princípio que a traição é um sinal de que
algo não vai bem na relação, mesmo que seja difícil identificar o pivô do
problema, ele existe.
Culpados?
-Ambos (parceiro e parceira). É verdade que muitas vezes quem trai
acaba sendo responsabilizado pela dor e tristeza que advém da traição, mas deve-se
também pensar que algumas pessoas traem devido a existência de necessidades afectivas
básicas, ou seja, buscam fora o que não conseguem ter dentro da sua relação. Por
essa razão a vítima da traição pode ter a sua parcela de culpa. Porém, procurar
o culpado não ajuda a mudar a reacção depressiva da vítima.
O que
sente a vítima?
-
Dor;
-Tristeza;
-Desespero;
-Confusão
mental – baixa concentração; insónia;
-Baixa
auto-estima (sentimento de incompetência e de inferioridade);
-Falta
de interesse pela vida e/ou pelas actividades favoritas e, em casos extremos
idealiza o suicídio.
Estes
são sentimentos que geralmente caracterizam a reacção depressiva (tecnicamente
chamada depressão reactiva), os quais são fisiológico e psicologicamente
inevitáveis.
Contudo,
nem todo o mudo que passa por uma situação de traição desenvolve a reacção depressiva,
isto porque os indivíduos reagem de forma diferente diante de um determinado
acontecimento. Enquanto há quem fica dias ou meses deprimido, há quem sente um
desejo profundo de vingança (muitas vezes protagonizando um acto semelhante).
As
consequências da depressão pós-traição fazem-se sentir em todas as áreas de actuação
da vítima – no campo familiar, profissional e social; porque a pessoa torna-se
improdutiva e “uma morta viva”.
Infelizmente
na sociedade moçambicana muitas questões relacionadas ao bem-estar
(psicológico) do cidadão ainda são negligenciadas. Mas, aqui vai o meu apelo:
somos todos humanos e vulneráveis, mas pense sempre no seu parceiro/a antes de
traí-lo/a. Uma conversa, muita amizade, companheirismo podem ajudar-lhe a amar
no verdadeiro sentido (subjectivo!) da palavra…quem ama não deve magoar, mas
sim respeitar, acarinhar e ser leal ao parceiro. Se o amor esfriou, então reactive-o
ou tenha a honestidade de poder dizer ‘foi bom enquanto durou, mas não dá mais’,
assim a relação termina com dignidade!
“Não
faça com outrem aquilo que não deseja que façam consigo”!
Fica
esperto!